segunda-feira, 9 de julho de 2007

A Filosofia é a "Arte

É A Filosofia a "Arte de Pensar"?

A Filosofia é apresentada, com muita freqüencia, como uma disciplina que "ensina a pensar". Claro que devemos conceder a tal declaração uma interpretação generosa: "a Filosofia ensina a pensar melhor". Em que sentido ela nos faz pensar "melhor"? Esta é uma pergunta mais complicada do que podemos supor, por conta da seguinte questão adicional: existe, de fato, um modo "filosófico" de pensar? A minha resposta a tal questão é negativa; não enquanto não existem especificidades no pensar filosófico; mas apenas porque eu acredito que a Filosofia se distingue das outras disciplinas apenas enquanto ela enfatiza certas habilidades de pensamento, e não no sentido de Filósofos "pensarem melhor" do que outros especialistas. Mas mesmo esta idéia de ênfase não deve ser tomada de modo radical: essa mesma ênfase em uma ou outra habilidade pode ser encontrada em outras disciplinas, certamente. Se Filósofos são treinados para lidar de modo rigoroso com argumentos, analogamente são os Físicos e Matemáticos; se Filósofos aprendem a lidar com metodologias específicas, o mesmo pode ser encontrado nos estudantes de Biologia. De que maneira pode ser dito que os Filósofos, enquanto mestres da "arte de pensar", pensam melhor do que os outros cientistas?

Talvez a única possibilidade seja apostar na superioridade das "questões filosóficas". Mas que questões absolutamente relevantes são estas? Talvez coisas nobres como "a busca da felicidade", "o sentido da vida", etc. Mas 1) é a Filosofia capaz de responder a tais questões sem colaborar com outras disciplinas? A "felicidade" pode ser explicada sem uma descrição do funcionamento do cérebro, coisa que não é feita com os métodos filosóficos? Além disso, 2) é a Filosofia capaz de garantir que tais problemas são de fato problemas, e não questões inventadas? Não foi a própria Filosofia que relegou a um lugar secundário de sua agenda a tentativa de explicar a "essência de Deus", por conta do reconhecimento da sua própria incompetência epistemológica neste território? E não são os próprios Filósofos que se recusam a aceitar que alguém simplesmente imponha sua agenda de problemas, afirmando (com a aquiescência da maioria da população, inclusive) que corroborar a existência e a vontade de Deus sobre nós seria A tarefa da Filosofia (que esta seria a verdadeira e a única tarefa legítima?)?

Assim, afinal, o que há de superior na Filosofia?

Nenhum comentário: